quinta-feira, 5 de março de 2009

FUNEC: Mudar o quê? Para quê? Para quem?

No dia 30 de janeiro de 2009, os diretores da FUNEC foram convocados para uma reunião, com a nova presidenta da instituição, Cleudirce Cornélio de Camargos. Nessa reunião fomos informados que a prefeita Marília Campos, implementaria uma série de modificações na FUNEC, e que ela Cleudirce, seria a responsável para cumprir as determinações da prefeita. Assim, segundo a presidenta, das 22 unidades da instituição, passariam para 8 unidades, ou pólos, localizadas nas regionais do município. Nessas unidades, os cursos ministrados seriam cursos com qualificação profissional e Médio Integrado. As justificativas para essas mudanças seriam de ordem financeira, além disso, o Estado deveria assumir sua responsabilidade com o Ensino Médio em Contagem.

No dia 5 de fevereiro, tivemos uma segunda reunião, e argumentamos que essas medidas deveriam ser explicadas com clareza em nota/documento com ampla divulgação para a comunidade escolar, devido o impacto que elas seriam recebidas nas unidades. De volta as unidades, repassamos as informações como elas nos foram transmitidas. Entretanto, como diversas perguntas dos diretores ficaram sem respostas, as mesmas perguntas e angústias ficaram sem respostas nas escolas.

Assim, gerou na instituição uma grande inquietude, revolta e protestos que de imediato passaram a ser manifestados pela internet. Diante desses fatos, e a repercussão negativa que o mesmo causou, a administração da FUNEC convocou os diretores para uma nova reunião no dia 12 de fevereiro. Nessa reunião, a administração da FUNEC argumentou que a reunião seria para ouvir os diretores. Também apresentou uma nota FUNEC INFORMA, que não continha os esclarecimentos necessários para as perguntas que estavam sendo levantadas nas unidades.

Nesse sentido, foi uma reunião, como as anteriores, marcada por uma postura diferente, entre a administração da FUNEC com os diretores, frente aos debates e reuniões que estávamos acostumados a travar com a ex-presidente da FUNEC, caracterizados pelo respeito e pela diversidade de pensamento. Com isso, o “clima” ficou desagradável. Além disso, achávamos que a reunião seria para tirar nossas dúvidas. Como a nota foi evasiva e as perguntas não foram respondidas voltamos a “estaca zero”.

Das inúmeras perguntas que ficaram sem respostas destacamos as seguintes: Em quais escolas funcionariam essas unidades? Quais seriam esses cursos técnicos? Essas escolas teriam laboratórios para esses cursos? Esses cursos Médios Integrados teriam duração de 3 ou 4 anos? Essas 8 unidades comportariam o mesmo número de alunos? Como ficaria o quadro curricular para comportar todos os professores da FUNEC? E o quadro administrativo, como ficaria para comportar todos os funcionários? Quais são os critérios para a reorganização da lotação dos professores e funcionários nas unidades? E o remanejamento dos alunos, como ocorrerá? Porque acabar com a EJA nesse formato, nas escolas onde existem demandas? Como ocorrerá a transição para EJA com qualificação? Todos esses cursos receberiam verba do governo federal? Qual seria a contrapartida do município?

Todas essas dúvidas são frutos de como essas mudanças estão sendo conduzidas, ou seja, de cima para baixo, sem a participação dos professores, funcionários, estudantes e comunidade escolar. Uma das características da democracia é a transparência, a participação, o diálogo, e a dúvida. Já as medidas autoritárias são norteadas pelo obscurantismo e pela verdade absoluta. Nesse sentido, não podemos concordar com a forma que as mudanças estão sendo realizadas, porque primamos pelo debate. Quanto aos debates nas regionais, consideramos que o cronograma proposto, não contempla professores, funcionários, estudantes e comunidade.

Foi no governo da prefeita Marília Campos, que ocorreu a expansão da FUNEC, acompanhada da realização do concurso público, que moralizou a instituição, acabando com as indicações para nomear seus profissionais. A entrada de Cláudia Ocelli na presidência da FUNEC oxigenou a instituição. Nunca se viu tantos debates e discussões. Projeto Político Pedagógico, Conselhos Escolares, Grêmio Estudantil. Era GT (grupo de trabalho), para discutir os mais diversos temas. A FUNEC estava caminhando para um novo paradigma. E entre eles não estava presente o fechamento de 14 unidades. Agora, fomos surpreendidos por uma mudança brusca de direção, interrompendo o que estava sendo construído.

Sabemos que o Ensino Médio é obrigação do Estado, e que o mesmo não contribui com o custo da FUNEC. Assim, temos consciência da necessidade de pensarmos o financiamento dessa instituição, como também o seu formato para o século XXI. Mas, para que isso ocorra tem que haver debate e não imposição; tem que haver confiança e não truculência; tem que haver coerência e não incoerência; tem que haver planejamento e não só vontade. Somente vamos construir um projeto de futuro para essa instituição se ele nascer da vontade da maioria, do desejo de construirmos juntos uma nova FUNEC. Caso contrário será apenas um sonho de alguns e por isso terá vida curta. Afinal, como diz o poeta: “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”.

Diretores da FUNEC:

Bruno Francisco Melo Pereira (Industrial II)

Roberto Duarte da Silva (Alvorada)

Nadir Aparecida de Oliveira (Inconfidentes)

Eliane das Graças Rezende dos Santos (Hibisco)

Donizete Francisco Melo Souza (Morada Nova)

Sidney Ferreira Nascimento (Novo Eldorado)

Luiz Mauro Procópio Faleiro (Vila Pérola)

Maria Adriana da Silva Pereira (Tropical)

Jorge Expedito Rodrigues (Novo Progresso)

Madalena Gomes Barreto (São Luiz)

Jorge Luiz Hilário (Ressaca)

Ana Paula Lemos de Souza P. Ângelo (Petrolândia)

Paulo Gomes da Silva Filho (Pampulha)

Elizabeth de Jesus Goulart e Jean Anderson Dias Salomé (Cruzeiro do Sul)

Fátima Ferreira de Oliveira (Água Branca)

Luiz Pereira Rodrigues (Xangri-lá)

Moises Modesto B. Santos (Nova Contagem)